sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Festa dos Reis


Há já uns anos largos que se festeja a festa das Claras e dos Reis; o dia de Reis é dia 6 de Janeiro, as Claras são sempre um dia antes.
Quem realiza esta festa são os mordomos de Nossa senhora. Fazem o Presépio, na altura do Natal e 15 dias antes vão convidar algumas mulheres para se fazerem os Roscos.
Os Roscos fazem-se um dia antes das Claras. No dia combinado, levantam-se por volta das 5 da manhã e vão para o forno, onde se passa o dia a fazer Roscos. Quando se termina, deita-se um foguete.
No dia seguinte, os mordomos levantam-se novamente cedo para se ir “carregar” o Ramo, que é feito só com Roscos, umas poucas de laranjas e maçãs para decorar e um belo ananás ao cimo.
De seguida, é levado para a igreja e nessa noite é que se fazem as Claras.
À noite, antes de jantar, os mordomos vão pelas casas da aldeia convidar as pessoas para as Claras. As Claras é uma festa muito animada, onde há tremoços, vinho e cigarros para toda a gente, e onde se provam os Roscos. Há também muita música, isto vai até às tantas da manhã.
No dia seguinte é o dia de Reis. Logo de manhã, vai-se à missa, e, no fim da missa, faz-se o leilão de algumas prendas do Menino Jesus, que as pessoas ofereceram, entre o Natal e os Reis, por exemplo: chocolates, nozes, bebidas, etc.
No fim é a disputa entre casados e solteiros para ver quem fica com o Ramo no leilão.
De seguida, leva-se o Ramo para a Casa do Povo, onde é desmontado e põem-se os Roscos todos em cima de uma mesa, em lotes e com o preço.
Durante a tarde, vendem-se os Roscos, para arranjar receita para a festa.
Depois de jantar, os garotos vão cantar os Reis pela aldeia.
Aí por volta das 11, começa o baile e arraial, que se prolonga até às tantas da madrugada. No salão do baile, há sempre um bar por conta dos mordomos.
Elisabete Esteves

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Senhora do Rosário





A capela de Nossa Senhora do rosário do Monte fica situada a 4 Km do lugar de São Pedro da Silva, ao qual pertence.

Foi edificada uma pequena ermida, por volta do ano de 1430 a pedido de uns missionários Dominicanos de Vila Real e foi reconstruída e ampliada em 1780. O tecto da Capela-Mor é formado por uma abóbada da granito de grande beleza. Tem ao lado um fontanário com água de boa qualidade e a casa do ermitão, habitação destinada ao zelador da capela, que nesse tempo aí morava.

Tem uma confraria que foi constituída por duas irmandades, a última formada no ano de 1888 e que existe até hoje. Os sócios da Confraria pagam todos os anos uma quota e quando morrem reza-se uma missa com ofício e pagam a lutuosa, que é mais uma pequena quota.

Pela beleza do local e do santuário, houve em tempos volência com o lugar de Caçarelhos, o que deu origem a feridos e pelo menos um morto pelo ano de 1920.

A festa principal era feita no dia 25 de Março e era dedicada também ao Evangelista São Marcos, que tem um altar exterior na parte norte da capela.

Nos tempos mais recentes, a festa é feita no primeiro Domingo de Maio, constando da missa solene e do Encontro com duas imagens de Nossa Senhora: a do santuário e a de São Pedro. Esta era, em tempos, transportada pela mocidade da aldeia e acompanhada das crianças vestidas de Cruzada. Hoje, já é transportada numa carrinha e já não há crianças para ir de Cruzada.

Esta festa é também um encontro de famílias e amigos comendo as merendas juntos. A festa foi durante algum tempo paga por emigrantes e devotos de Nossa Senhora pelas Graças recebidas, que tem sido muitas. A Senhora do Rosário foi o amparo das Mães e a protectora dos soldados desta terra durante a guerra de África.

A Senhora do Rosário tem uma comissão de festas que tem a duração de três anos e cada um dá o melhor que pode e sabe.

Agora, mais recentemente, em 1997, foi criado o convívio de Agosto, para dar resposta aos emigrantes devotos de Nossa Senhora do Rosário que não têm a oportunidade de estar na festa de Maio. A comissão de festas achou por bem fazer uma missa no mês de Agosto, com o respectivo convívio, e juntar todos os emigrantes, bem como ooutras pessoas, que queiram e possam participar. Celebra-se uma missa e, no fim, temos uma grande fogueira com boas brasas para assar sardinhas, chouriças e outras carnes, com bom vinho e pão para todos quantos quiserem participar. Depois de comer, cantam-se cantigas tradicionais, fazem-se jogos e trocam-se ideias. também há oportunidade de encontrar pessoas que já muitos anos que não se viam, por se encontrarem deslocados por várias partes do mundo. Eu, por exemplo, já lá me encontrei com pessoas que há mais de 40 anos não via.


Também conta a lenda que, em tempos, queriam levar a imagem da Senhora do Rosário para Miranda do Douro, por ser uma imagem muito bonita. Fizeram três tentativas e, quando a imagem chegou à saída do recinto, virou-se em cima do andor, com a frente para trás, e abriu uma racha na cara. Já foi mandada restaurar, mas a racha continua sempre bem visível e conta o povo que Ela não queria sair daquele local.


Leonor Esteves Fidalgo

terça-feira, 23 de setembro de 2008

La fiesta de l Sagrado Coraçon de Jasus

La fiesta de l Sagrado Coraçon de Jasus era la cousa más linda! Las jinelas i barandas cun las colgaduras de colchas de seda i de l que habie!
Pa'ls ninos nun habie eigual!Ampeçábamos muito tiempo antes, a la doutrina. Sabiemos todo: Padre Nuosso, Ab'Marie i todo.
Apuis, aquel die, a la purmanhana, la garotada toda a apanhar flores, folhicas de Nuossa Senhora, hourtemisa, yedras, al que ancuntrábamos, strampalhábamos-las na rue i faziemos uns arcos.
Apuis, chegaba la hora de la missa, alhá íbamos nós a bestir las cruzadas. Tamien se bestien de anjo alguns garotos, you inda fui d'anjo alguns anhos, c'uns bestidicos brancos, c'uas alas por trás, uas chinelicas que mie mai me fazie de papelon i uas tiricas de farrapo branco.
Apuis ponien dous anjosa pegar nua toalha branca i outro iba a buscar als garoticos a quemungar.
Cantában uns bersicos mi lindos, éran assi, bou a screbir un:


Vinde, oh meigas criancinhas!
Vinde, vinde eu sou Jesus.
Vós sois minhas, muito minhas,
i por vós morri na cruz!
É Jesus quem nos convida
escutemos Sua voz
amiguinho das crianças,
fui criança como vós!
.
Ne l fin, ye que era! La nuossa porsora era mi buona, mandaba cozer un saco de pan, naquel tiempo habie panadeiras, era tie Marie Moça que fazie un pan cumo al sol, fazie uns moletes, i ne l meio queijo de cabra... ficábamos eilhi cunsoladicos!
Tamien mos dában ua Santica, que inda hoije las guardo!
Albertina São Pedro

Ampeço - Começo

Este ye l blogue de la quadrilha de San Pedro de la Silba a trabalhar ne l Reconhecimiento, Balidaçon i Certeficaçon de Cumpeténcias cun l Centro de Nuobas Ouportunidades de l Campus Académico de Macedo de Cabaleiros – Anstituto Piaget.
Ban-se eiqui a poner cachicos de ls PRAs – Portefólios Reflexibos de Aprandizaiges – de las pessonas de la quadrilha, para las animar a screbir esses mesmos testos, para atiçar l uso de las nuobas tecnologies i tamien para abrir ua jinela subre l pobo de San Pedro de la Silba i l sou ancumparable mundo de usos, questumes i tradiçones, la sue stória… la sue alma!
Bai a ser un sítio cun dues lhénguas, tantas cumo las que ténen ls sous outores. Eiqui scribe-se an Mirandês i an Pertués, las dues lhénguas de Pertual.
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Este é o blogue do grupo de São Pedro da Silva a desenvolver o processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências junto do Centro Novas Oportunidades do Campus Académico de Macedo de Cavaleiros - Instituto Piaget.
Aqui serão publicados excertos dos PRAs – Portefólios Reflexivos de Aprendizagens - dos adultos, como forma de estimular a construção desses mesmos PRAs, para despertar a apetência para o uso das novas tecnologias e, concomitantemente, abrir uma janela sobre a aldeia de São Pedro da Silva e o seu incomparável universo de usos, costumes e tradições, a sua história… a sua alma!Será um espaço bilingue, como bilingues são os seus autores. Escrever-se-á, aqui, em mirandês e português, as duas línguas de Portugal.