segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A tosquia


A tosquia era feita entre o fim de Abril e o princípio de Junho, aqui no concelho de Miranda do Douro, porque é uma zona mais fria, mas noutras zonas do país, iniciava-se no princípio de Março. Só era feita uma vez por ano.

O dia da tosquia iniciava-se com o romper do dia: ia-se a deitar o rebanho do "chiqueiro", a fartar, para quando chegassem os tosquiadores, o rebanho estava farto, para as poder "apernar", para elas estarem quietas, para as tosquiar e não as cortar.

As ovelhas iam-se fartar para a pele estar mais esticada, para a tesoura "correr" melhor e assim também não se cortavam tanto.

Começava-se por volta das 8h da manhã e, lá pelas 10h, "matava-se o bicho"; aí pela 1h da tarde almoçava-se. Por norma, o almoço era sempre um cordeiro assado ou guisado. Ao fim do almoço, continuava-se e só se soltava quando se acabasse o rebanho.

Por norma, para 100 ovelhas era preciso 4 pessoas: andava-se todo o dia e quem tosquiava os carneiros tinha sempre direito a fumar um cigarro.

A lã que não fosse "cabreinha" era guardada e vendida à arroba às pessoas da aldeia que a lavavam e a preparavam para tecer, para fazer tapetes e mantas. A lã "cabreinha" vendia-se aos negociantes, a arroba a 2 contos; uma arroba são 15 quilos.

hoje em dia já tudo é diferente: o dia da tosquia já nao se deitam as ovelhas a fartar e vem sempree, por norma, 4 pessoas a tosquiar, mas já é com a máquina, e para 100 ovelhas só leva, em média, 2h a tosquiar. A lã já não se guarda para tecer, vende-se para Espanha, que aqui já ninguém a quer comprar. (...)


Celso Martins

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