segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O linho (I)


Peça de linho
Roca, fuso, manelo de linho e cartapaço


Na nossa aldeia, cultivou-se o linho até finais da década de 60, tendo então deixado de se cultivar, talvez porque o seu cultivo exigisse muita dureza e trabalho, bem simbolizado na expressão: “tormentos de linho”.
Há ainda habitantes que tem na memória esses duros trabalhos, o linho era cultivado essencialmente para consumo familiar envolvendo, no seu cultivo e manufacturação, praticamente todo o agregado familiar.
Os terrenos tinham que ser de regadio e o clima ameno, o nosso clima aqui é demasiado rigoroso, muito frio de inverno e quente e seco no verão, por isso cultivava-se o linho essencialmente na “Chaneira”, zona de hortas da aldeia, com um microclima ameno e perto da ribeira.
Aqui cultivavam-se dois tipos de linho: o galego e o mourisco.
Nas zonas húmidas cultivava-se o linho galego: semeava-se na primavera, no mês de Abril, para colher em Junho, precisava de estar menos tempo na terra, mas em terras mais férteis e húmidas, era um linho de melhor qualidade, mais fino. Também se produzia paralelamente a variedade Mourisca, semeada no Outono e colhida no Verão, embora este constituísse um produto de menor qualidade.
Para o cultivo do linho era necessário percorrer várias etapas, desde a sementeira, rega, arranca, ripar, demolhar, secar (soalheiro), malhar, espadelar, restelar, assedar, carpear, dobar, fiar, emborrar, ensarilhar, cozer, corar, urdir, canelar, tecer e corar, até chegar ao tecido fino e macio. (...)
Leonor Esteves Fidalgo

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