quinta-feira, 19 de março de 2009

Juri de Certificação


Adultos que terminaram o processo, da esquerda para a direita: Maria Inácia Pires, Leonor Esteves, Celso Martins, Iria de Fátima Vicente e Elisabete Esteves


Juri de Certificação, da esquerda para a direita: Dr.Carlos Silvestre, Coordenador CNO; Dr. Domingos Leite, Avaliador Externo; Marina Santos, Profissional RVC, Alfredo Cameirao, Formador LC e CE (falta na imagem a Isabel Vilares, formadora de TIC e MV, que fez a foto)
Em pé, Adriano Valadar, Formador de CLC



No passado dia 16 de Março, 5 dos autores deste blogue finalizaram o desenvolvimento do seu processo RVCC, com a realização do Juri de Certificação de Competências, no CNO do Campus Académico do Instituto Piaget, em Macedo de Cavaleiros.
Foram apresentados e defendidos trabalhos de qualidade superior, dos quais São Pedro da Silva e a Terra de Miranda se podem orgulhar.
O tema dos vários trabalhos - à excepção do Celso, que falou dos seus animais - foi a própria aldeia de São Pedro da Silva e as celebrações que aqui decorrem durante o ano, como se explicará nos posts seguintes.
Fica o depoimento da Profissional de RVC que connosco trabalhou e que até "uas palabricas de Mirandés tubo que daprander"

“Trabalhar cun “ls garrotes” fui ua speriéncia deliciosa. Ber neilhes la proua de séren de tierras de Miranda.”
No júri de certificação, este orgulho esteve sempre estampado nos seus rostos. A forma como trouxeram a esta sessão os seus costumes e tradições, tão próprios daquelas terras, fez com que me apercebesse da riqueza infindável deste Processo, na construção dos nossos saberes. E se são eles que obtêm uma nova certificação, somos nós que saímos mais ricos de toda esta experiência, ao beber, devagarinho, todas as suas aprendizagens, todos os seus costumes, todo o seu carinho…
Marina Santos

quarta-feira, 4 de março de 2009

Março




Poço de la Filadeira (I i II)
Puonte de la Chaneira


Março, marçagano, manhana de Ambierno i tarde de Berano.

Março, ancanharço.

Março, tanto drumo cumo fago.

Março, mi prouista, pus pudera, canta alegre ua mocica, que se chama Primabera.


An março, dezie mie bó, eiguala la nuite c’al die.
Naqueilhes tiempos, chobie que Dius la daba, nun habie talbisones, nien rádio nien lhuç. Mas, oulhai, era ua alegrie: la giente, a las tardes, ajuntaba-se ne ls palheiros porque yá íban bazius de l Ambierno, las mulhieres más bielhas filában lhinho i lhana, las de meia eidade fazien na meia i nós, la garotada, saliemos de la scola i jugábamos a la pedrisca i al senhor barqueiro.
Apuis, mal l sol abrie ls uolhos, toc’a apanhar las nabiças yá frolidas, segar cargas de ferranha; parece que stou a ber las burras, c’las cargas: apuis de tanto chober, formában-se uns babuleiros, chamában-le las bielhas, po riba yá stában sequitas, la burra pisaba i, pumba!, eilhi quedaba anterrada – aquilho yá daba pa fazer las trobas ne l die de Antruido.
Ne l Antruido, naquel tiempo, era mi angraçado: se fazisse sol, alhá iba quaije to la giente a la slada pra quemer c’al butielho, ls pies ou l pito – mie bó siempre al guisaba esse die; caldo nun se quemie, se nó dolie la cabeça!
Mie bó tamien fazie uas fregidas de la massa de l pan – ai, que buonas éran! – inda me stan a saber!
A la tarde, las trobas. I apuis, beilarote, al toque dal rialejo. Tocaba las Trindades, ala, para casa, nun éramos coixos.
Buono, tengo que me calhar, se nó teniemos cumbersa pa l anho todo.

Albertina São Pedro

segunda-feira, 2 de março de 2009

A matança do porco




Matança do porco - Matar, chamuscar e abrir
Fotos de Celso Martins e Leonor Esteves


No dia da matança do porco, logo de manhã, por volta das 9 horas, reúnem-se os “matancieiros”. Primeiro matam o bicho (tomar o pequeno-almoço), ao fim do mata-bicho lá vão eles, de faca e corda na mão.
Um deles entra na loja e agarra o porco; os outros ajudam. Tiram o porco para a rua e deitam-no num banco. Um deles, o mais corajoso, espeta-lhe a faca, que vai direita ao coração: uns acertam outros não mas o porco morre.
Naquele momento, já está ali uma mulher com um tacho, a pegar no sangue que corre. De seguida, a mulher vai para casa, onde já está uma caldeira de água a ferver e coloca-se o sangue a cozer com loureiro e sal. Enquanto isso, os homens põem os porcos no chão, enchem-nos de palha e pegam-lhe fogo (chamuscam-nos) - isso é para queimar os pelos do porco.
De seguida, colocam os porcos num banco, para os rapar e lavar.
Enquanto fazem isso, chega o sangue já cozido e temperado com azeite e alho ou só com azeite para quem não gosta do alho. Come-se o sangue, acompanhado com bom vinho.
Depois do porco estar bem rapado e lavado, abrem-no. Quem perceba de abrir porcos, começa, então, e a primeira coisa a sair é a barbada, de seguida o unto e a seguir as tripas, que já estão as mulheres à espera para as preparar.
As tripas é preciso separá-las - as delgadas das gordas. A seguir das tripas sai a fressura e por fim os garrotes.
Depois disto, espetam-lhe a estaca no cu e fica de cabeça abaixo, até ao dia seguinte.
Os homens picam os garrotes e deitam-nos no pote, com azeite e cebola. Eles cozinham, guisam e assam, enquanto as mulheres lavam as tripas - "estezam" as tripas com umas forquetas.
No fim, vai-se almoçar, comer o que os homens fizeram de comer, assam-se as "moleijas", toda a gente come e bebe. É uma festa aquele dia!

Estezar- Tirar as tezes às tripas
Forquetas - varetas dos olmos ou “brime”.
Brime - vime

Elisabete Esteves