terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Janeiro


Retratos de San Pedro, sacados por Celso Martins, nun die de niebe
( L Tumbeirico i Las Eiras)


An Janeiro, chube-te al outeiro:
se bires berdegar, pon-te a chorar
se bires terriar, pon-te a cantar!



"Primeiro vem Janeirinho
todo branco, cor de arminho..."


Este bersico fui you qu'al dixe nun tiatro que fazimos, éran ls meses de l anho, i you era Janeiro, iba bestida de prieto i apuis punírun uns farrapicos branquicos a repersantar la niebe.
Éran las nuossas porsoras que mos ansinában, de nuite, a la lhuç de la candeia, ls papeles éran eilhas qu'als screbien i nós toca a meter todo na cabecica i la tabuada nun podie quedar para trás - i graças a Dius i a eilhas, you inda la sei hoije.
Apuis, naquel tiempo, nebaba muito, gelaba anriba, mas nós nun arredábamos pie, eilhi certicos, c'als papelicos na mano, bien seguricos, se nó benie l aire i alhá íban eilhes. I se algun se lhambraba de ir a la bolada, yá nun íbamos para casa sien mos regelarmos más.
Apuis alhá staba mie mai, cun la torrada ountada cun unto ou cun aquel molhico de las tabafeias, quando stában berdes, era nua sartiana que se calcien i aquilho aporbeitaba-se todo... i buono que era! Íbamos pa la cama i drumiamos-mos cumo uas piedras!

I agora? C'la barriga chena dal que ye buono, i adonde stá l suonho?! Naide l perdiu, por isso you nun l ancontro.


Albertina São Pedro


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A escola


Escola primária de São Pedro da Silva - desactivada
Recinto polidesportivo, a nascente da Escola, no cimo da Resina

Aqui a escola já fechou há alguns anos.
Foi uma escola que teve sempre muitos alunos, juntavam-se alunos de duas aldeias - São Pedro e Fonte Ladrão. Assim é que era bom, porque quantos mais alunos fossem, melhor. Brincavam todos e estudavam mais em grupo.
Eu gostaria que a escola não tivesse fechado, porque tenho uma menina que anda na 3ª classe e se houvesse aqui escola, bastava ela levantar-se às 8h e 30m para às 9.00 horas estar na escola; vinha almoçar e às 3h e 30m estava em casa.
Assim, tem de ir para Miranda do Douro: sai às 8.00 horas e vem às 18.00 horas, é muito cansativo para ela.
Mas por um lado é melhor, porque aqui andaria sozinha e não seria bom, já que não teria ninguém com quem brincar, sentia-se muito sozinha.
Tenho um filho que ainda andou um ano sozinho, e é "uma seca"; ele não tinha com quem brincar, nada, só ele e a professora.
Eu quis transferi-lo para Miranda, mas tinha que assumir a responsabilidade. Aguentei um ano e depois, no ano seguinte, foi para Miranda Do Douro. Aí já era diferente, já convivia mais, já fazia trabalhos de grupo, havia desporto... é muito diferente.
Elisabete Esteves
texto em construção

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Quinta dos Picadeiros

Vista de satélite da Quinta dos Picadeiros


A Quinta dos Picadeiros fica situada a 4 km de Vimioso e confronta a ocidente com o rio Angueira, a nascente com o cabeço de Moutoute e a sul com o terreno de Vila Chã da Ribeira. Também é conhecida como Quinta de Santo Amaro, em razão da capela dedicada a este Santo.(…)
A hoje chamada Quinta dos Picadeiros foi paróquia nos princípios da monarquia portuguesa e o seu senhorio pertencia aos Mendes Vasconcellos.
D. Francisco Mendes Vasconcellos (…) casou em 1480 em Salamanca, Espanha, com D. Inês Taveira de Figueiroa e ficou a residir nesta cidade até 1493, altura em que regressou ao Vimioso.
Foi aos Picadeiros a cobrar a renda, mas foi recebido a tiro pelos habitantes. Travou-se uma grande batalha, tendo morrido dois criados e, ripostando os dele, feriram muitos e mataram cinco.
D Francisco foi queixar-se ao rei D. João II que mandou João Bernardes da Silveira, chanceler da relação do Porto, sindicar o caso aos Picadeiros, onde chegou na noite de 14 de Março de 1494, acompanhado de força militar suficiente, com a qual cercou o povo e prendeu os cabecilhas da revolta.
No dia 16 de Abril de 1495 foram os presos atados em esteiras presas a cavalos e assim deram 3 voltas em torno da praça e pelourinho de Vimioso. Depois foram conduzidos em préstito até à capela de Nossa Senhora dos Remédios, sendo exortados em todo o caminho por dois padres. Na capela celebrou-se missa (…) e seguiram depois para o alto do Sardoal, em frente da povoação dos Picadeiros, onde haviam sido erguidas 3 forcas, sendo enforcados os presos.
Aos sete justiçados foram-lhes cortadas as cabeças (…) e foram pregadas em altos postes na povoação dos Picadeiros. As dos outros ficaram nas forcas até que o tempo consumiu uns e outros.
Os restantes moradores dos Picadeiros, aterrados, abandonaram o povo e foram para uma aldeia espanhola chamada Bimbinera, perto de Alcanhices, ficando a sua aldeia reduzida à actual Quinta dos Picadeiros, com 5 moradores e a capela de Santo Amaro.
(…)
Eu vivi 13 anos na Quinta dos Picadeiros. Era um ponto de encontro de várias pessoas, que para passar de umas aldeias para as outras precisavam de passar na Quinta dos Picadeiros. Também era a paragem de muito negociante: peliqueiros, latoeiros, tendeiros, azeiteiros, ciganos pobres que andavam a pedir esmola e moleiros, que tinham o rio Angueira a 1 km de distância, onde havia 6 moinhos.
Os moleiros andavam com os burros a apanhar as cargas de sacos de trigo e centeio para moer o grão e fazer farinha.
Os moinhos tinham a pedra “albeira” e a pedra “moreneira” conforme quisessem fazer a farinha mais clara ou mais escura.
Também tinham o “pisão” para pisar as mantas feitas de lã de ovelha, que eram os cobertores que usávamos naquele tempo.
Produzia-se muito trigo e centeio, regulando por 6 000 alqueires a média anual. Não se colhia vinho nem frutos. A Quinta tem pouco terreno de hortas, mas sustentava muito gado bovino, ovino e caprino.



Leonor Esteves Fidalgo
(texto adaptado)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

As festividades do dia de São Pedro


Pormenor do sino maior no campanário da igreja matriz
Retábulo do tecto da capela-mor, com a imagem de São Pedro ao centro



O São Pedro celebra-se no dia 29 de Junho.
Começa por se celebrar a missa solene, mais ou menos pelas 14 horas.
Depois, à noite, entre as 19 e as 20 horas, os mordomos de São Pedro fazem uma grande fogueira nas Eiras, o local onde se realizam as festas de Verão e fazem um grande jantar convívio para todas as pessoas que queiram participar.
Para fazer esse jantar, os mordomos preparam dois potes de ferro muito grandes. Normalmente, a comida típica desse jantar é carne de javali, misturada com carne de vitela.
A noite termina com a música da gaita de foles e o toque do acordeão.
Toda a gente se diverte e dança!


Fátima Vicente