A Quinta dos Picadeiros fica situada a 4 km de Vimioso e confronta a ocidente com o rio Angueira, a nascente com o cabeço de Moutoute e a sul com o terreno de Vila Chã da Ribeira. Também é conhecida como Quinta de Santo Amaro, em razão da capela dedicada a este Santo.(…)
A hoje chamada Quinta dos Picadeiros foi paróquia nos princípios da monarquia portuguesa e o seu senhorio pertencia aos Mendes Vasconcellos.
D. Francisco Mendes Vasconcellos (…) casou em 1480 em Salamanca, Espanha, com D. Inês Taveira de Figueiroa e ficou a residir nesta cidade até 1493, altura em que regressou ao Vimioso.
Foi aos Picadeiros a cobrar a renda, mas foi recebido a tiro pelos habitantes. Travou-se uma grande batalha, tendo morrido dois criados e, ripostando os dele, feriram muitos e mataram cinco.
D Francisco foi queixar-se ao rei D. João II que mandou João Bernardes da Silveira, chanceler da relação do Porto, sindicar o caso aos Picadeiros, onde chegou na noite de 14 de Março de 1494, acompanhado de força militar suficiente, com a qual cercou o povo e prendeu os cabecilhas da revolta.
No dia 16 de Abril de 1495 foram os presos atados em esteiras presas a cavalos e assim deram 3 voltas em torno da praça e pelourinho de Vimioso. Depois foram conduzidos em préstito até à capela de Nossa Senhora dos Remédios, sendo exortados em todo o caminho por dois padres. Na capela celebrou-se missa (…) e seguiram depois para o alto do Sardoal, em frente da povoação dos Picadeiros, onde haviam sido erguidas 3 forcas, sendo enforcados os presos.
Aos sete justiçados foram-lhes cortadas as cabeças (…) e foram pregadas em altos postes na povoação dos Picadeiros. As dos outros ficaram nas forcas até que o tempo consumiu uns e outros.
Os restantes moradores dos Picadeiros, aterrados, abandonaram o povo e foram para uma aldeia espanhola chamada Bimbinera, perto de Alcanhices, ficando a sua aldeia reduzida à actual Quinta dos Picadeiros, com 5 moradores e a capela de Santo Amaro.
(…)
Eu vivi 13 anos na Quinta dos Picadeiros. Era um ponto de encontro de várias pessoas, que para passar de umas aldeias para as outras precisavam de passar na Quinta dos Picadeiros. Também era a paragem de muito negociante: peliqueiros, latoeiros, tendeiros, azeiteiros, ciganos pobres que andavam a pedir esmola e moleiros, que tinham o rio Angueira a 1 km de distância, onde havia 6 moinhos.
Os moleiros andavam com os burros a apanhar as cargas de sacos de trigo e centeio para moer o grão e fazer farinha.
Os moinhos tinham a pedra “albeira” e a pedra “moreneira” conforme quisessem fazer a farinha mais clara ou mais escura.
Também tinham o “pisão” para pisar as mantas feitas de lã de ovelha, que eram os cobertores que usávamos naquele tempo.
Produzia-se muito trigo e centeio, regulando por 6 000 alqueires a média anual. Não se colhia vinho nem frutos. A Quinta tem pouco terreno de hortas, mas sustentava muito gado bovino, ovino e caprino.
A hoje chamada Quinta dos Picadeiros foi paróquia nos princípios da monarquia portuguesa e o seu senhorio pertencia aos Mendes Vasconcellos.
D. Francisco Mendes Vasconcellos (…) casou em 1480 em Salamanca, Espanha, com D. Inês Taveira de Figueiroa e ficou a residir nesta cidade até 1493, altura em que regressou ao Vimioso.
Foi aos Picadeiros a cobrar a renda, mas foi recebido a tiro pelos habitantes. Travou-se uma grande batalha, tendo morrido dois criados e, ripostando os dele, feriram muitos e mataram cinco.
D Francisco foi queixar-se ao rei D. João II que mandou João Bernardes da Silveira, chanceler da relação do Porto, sindicar o caso aos Picadeiros, onde chegou na noite de 14 de Março de 1494, acompanhado de força militar suficiente, com a qual cercou o povo e prendeu os cabecilhas da revolta.
No dia 16 de Abril de 1495 foram os presos atados em esteiras presas a cavalos e assim deram 3 voltas em torno da praça e pelourinho de Vimioso. Depois foram conduzidos em préstito até à capela de Nossa Senhora dos Remédios, sendo exortados em todo o caminho por dois padres. Na capela celebrou-se missa (…) e seguiram depois para o alto do Sardoal, em frente da povoação dos Picadeiros, onde haviam sido erguidas 3 forcas, sendo enforcados os presos.
Aos sete justiçados foram-lhes cortadas as cabeças (…) e foram pregadas em altos postes na povoação dos Picadeiros. As dos outros ficaram nas forcas até que o tempo consumiu uns e outros.
Os restantes moradores dos Picadeiros, aterrados, abandonaram o povo e foram para uma aldeia espanhola chamada Bimbinera, perto de Alcanhices, ficando a sua aldeia reduzida à actual Quinta dos Picadeiros, com 5 moradores e a capela de Santo Amaro.
(…)
Eu vivi 13 anos na Quinta dos Picadeiros. Era um ponto de encontro de várias pessoas, que para passar de umas aldeias para as outras precisavam de passar na Quinta dos Picadeiros. Também era a paragem de muito negociante: peliqueiros, latoeiros, tendeiros, azeiteiros, ciganos pobres que andavam a pedir esmola e moleiros, que tinham o rio Angueira a 1 km de distância, onde havia 6 moinhos.
Os moleiros andavam com os burros a apanhar as cargas de sacos de trigo e centeio para moer o grão e fazer farinha.
Os moinhos tinham a pedra “albeira” e a pedra “moreneira” conforme quisessem fazer a farinha mais clara ou mais escura.
Também tinham o “pisão” para pisar as mantas feitas de lã de ovelha, que eram os cobertores que usávamos naquele tempo.
Produzia-se muito trigo e centeio, regulando por 6 000 alqueires a média anual. Não se colhia vinho nem frutos. A Quinta tem pouco terreno de hortas, mas sustentava muito gado bovino, ovino e caprino.
Leonor Esteves Fidalgo
(texto adaptado)
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